segunda-feira, 14 de junho de 2010

O nó do afeto

CRÔNICA

O nó do afeto

Em uma reunião de pais, numa escola da periferia, a diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível.
Ela entendia que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhasse fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar a entender as crianças.
A diretora ficou muito surpresa quando um pai s levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo durante a semana. Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava dormindo; quando ele voltava do serviço, era muito tarde e o garoto não estava mais acordado. Explicou ainda que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, e que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho. Contou que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava a casa e, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.
Isso acontecia, religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora ficou emocionada com aquela história singela e surpreendeu-se quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de um pai ou uma mãe se fazerem presentes, de se comunicarem com o filho. Aquele pai encontrou a sua, simples, mas eficiente, e o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo...
Por vezes nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação por meio do sentimento! Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol valiam para aquele filho muito mais que presentes ou desculpas vazias!
É válido que n os preocupemos com nossos filhos, mas é importante que eles saibam, que sintam isso. Para que haja a comunicação é preciso que os filhos “ouçam” a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É por esta razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o ciúme do bebê que roubou o colo, o medo do escuro... A criança pode não entender o significado de muitas palavras, mas sabe registrar um gesto de amor, mesmo que esse gesto seja apenas um nó: um nó cheio de afeto e de carinho!

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